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A importância da cultura organizacional.

Quem não conhece a frase célebre de Peter Drucker e altamente difundida no mundo empresarial que “a cultura engole a estratégia no café da manhã”?  

Por muitos anos fui executiva de RH em diferentes empresas e observei nitidamente o equívoco de algumas ações planejadas, contrariando totalmente a cultura organizacional. No entanto, o que eu via com nitidez e repetia insistentemente “pessoal, isso é cultural”, muitas vezes não era entendida ou visualizada pelos meus colegas, o que me fazia refletir o quanto a obviedade disso não era observada, tampouco considerada.

Reuniões de planejamento estratégico intermináveis sobre transformação organizacional e empoderamento de lideranças iam por água abaixo no dia seguinte, quando voltávamos para a realidade do trabalho e nos deparávamos com uma rotina de comando e controle, micro gerenciamento e baixa autonomia. O que eu observava é que até existia uma necessidade e um desejo de mudança, mas a realidade, ou seja, a cultura, não permitia que tais anseios se transformassem em ação.

Mas afinal, o que é cultura? De uma maneira bem simples, cultura organizacional pode ser definida como um conjunto de crenças, comportamentos e valores que norteiam (ou devem nortear) as decisões das empresas. É o “jeitão” da empresa, é a forma como ela atua “da porta pra dentro”. É aquilo que percebemos, “cheiramos” e sentimos dentro da organização; é a forma como ela opera de fato.

De acordo com o livro O Novo Código da Cultura, do escritor Sandro Magaldi, que estará presente no evento DS CONNECT no dia 27 de agosto, a cultura organizacional é composta basicamente de 3 níveis:

  • Artefatos.
  • Normas e Valores.
  • Crenças e pressupostos básicos.

Quanto aos dois primeiros, não há nenhuma novidade. Os artefatos, segundo os autores, trata-se daquilo que é mais visível na empresa – sua estrutura física, os rituais de reuniões, o dress code, etc. Complementando, as normas e valores se referem às regras escritas e não escritas das organizações, fazendo com que os colaboradores saibam o que lhe é esperado e como entregar o seu melhor.

No entanto, o terceiro nível (crenças e pressupostos básicos) trata-se da camada mais profunda da cultura. Trata-se da essência da empresa, do seu coração e que nem sempre trazem elementos articulados de forma explícita. Trata-se daquilo em que a empresa acredita e que não abre mão, considerados muitas vezes como “tabus”, pois são elementos “imexíveis”. Para navegar aqui, é preciso ter entendimento do negócio, saber fazer a correta leitura de cenário e do contexto e confesso que nem sempre isso parece óbvio. Infelizmente é aqui nesta camada que o “walking the talk” pode dar uma falhada.

Mas o que Cultura Organizacional tem a ver com transformação? No meu entendimento, TUDO!

Atualmente as empresas foram convidadas, ou melhor, convocadas a se transformarem. Seja por uma necessidade de mercado, seja pela mudança de comportamento dos consumidores, seja pela chegada de um novo player, seja pela pandemia. É fato: a maior parte das organizações precisam se reinventar.

As novas ações e decisões serão os elementos determinantes para esta mudança cultural. Lógico que se faz necessário um plano minimamente estruturado para isso, mas se por exemplo,  a necessidade de uma empresa é se tornar mais digital, ela precisa contratar as melhores pessoas e recursos com estas competências (e deixá-las trabalhar); se preciso de uma liderança mais autônoma, preciso criar situações onde estes líderes possam assumir riscos e tomar decisões (sem medo); se preciso de uma empresa mais integrada, preciso redesenhar meus processos para que eu consiga desmobilizar feudos e desenvolver nas pessoas uma visão sistêmica e holística (mudar de fato).

Por último, lembre-se: a cultura de uma empresa é moldada sobretudo pelo comportamento de seus líderes. Se você mudar suas atitudes e seus comportamentos (alinhados aos valores e crenças da Organização) você será um agente desta mudança cultural. Caso contrário, você irá falhar e nada, infelizmente, mudará.

Texto colaboração de Simone Martins, psicóloga e consultora especializada em gestão de pessoas, processos e mudanças (www.plugrh.com.br).

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