O valor do feedback para a empresa e para o profissional

Especialista dá dicas de como aplicar a ferramenta na gestão de pessoas

No ambiente empresarial, a comunicação eficaz pode transformar ou reforçar a atitude dos colaboradores. O feedback se apresenta como uma ferramenta importante para facilitar esse processo entre gestores e suas equipes. No entanto, embora ele seja bastante utilizado no mundo coorporativo, ainda há um certo tabu que precisa ser quebrado acerca da sua importância e real significado. O segredo para desmistificar a ideia de que se trata de uma crítica está na forma que ele conduzido no dia a dia. Conforme observa o influente pesquisador estadunidense da área de Marketing e Comunicação, Philip Kotler, o sucesso de uma boa comunicação depende de como a mensagem e o conteúdo são expressos.

O termo feedback, oriundo do Inglês, significa realimentar ou dar resposta a uma determinada solicitação ou acontecimento. Em um contexto organizacional, ele é utilizado para alinhar expectativas e objetivos, estimular a produtividade, motivar o time e aprimorar a atuação dos líderes. É uma ferramenta que possibilita o aperfeiçoamento do desempenho pessoal e, consequentemente, contribui para o sucesso do negócio. Portanto, o feedback pode ser um grande aliado da empresa.

Mas quando ele deve ser dado? De acordo com Jessica Pelegio, gerente de programas e especialista em feedback, o compartilhamento de percepções deve ocorrer em duas situações: quando há intenção de dar continuidade a um determinado comportamento (feedback positivo) ou quando é preciso cessá-lo (feedback construtivo). “Sempre é necessário focar na ação e no impacto que ela tem. Por exemplo, se a pessoa entregou um trabalho atrasado, é importante mostrar o que isso causou de negativo [no time ou com o cliente], tentar entender o que motivou o atraso e encontrar meios para evitar que ele ocorra novamente”, explica, completando que o feedback deve ser corretivo e não punitivo. 

Manter uma cultura de feedback é um caminho para auxiliar o colaborador a identificar onde está indo bem e o que precisa melhorar em seu desempenho. “Quando ele é bem dado, motiva a pessoa, pois ela sabe como está a sua performance profissional”, afirma a especialista. Os gestores também precisam estar abertos ao feedback de seus liderados e, inclusive, devem pedir que eles o façam. Desta forma, a convivência com a liderança se torna mais transparente e sem ruídos na relação entre ambos, o que aumenta a segurança psicológica do time e, consequentemente, a capacidade das pessoas tomarem riscos porque sabem que serão apoiadas pela própria equipe e gestão.

Para que o feedback seja encarado como algo normal, é essencial que seja dado com frequência. Quando é positivo, pode ser feito informalmente, até mesmo por mensagem de texto ou chat da empresa. “É comum que as pessoas o confundam com elogio, mas na verdade não se trata disso, é sobre atestar que algo deu certo e precisa continuar acontecendo”, comenta Jessica. No caso do feedback construtivo, a orientação é para que ele seja dado em uma reunião breve, porque normalmente demanda mais diálogo, em um local mais privado, inclusive para evitar que a pessoa se sinta acuada pela exposição diante de outros colaboradores.

A prática do compartilhamento de percepções exige muita sensibilidade, pois não é algo impessoal. Portanto, é necessário aplicar a ferramenta de maneira correta para que ela contribua para os bons resultados, como motivação, retenção de talentos, incentivo à produtividade e correção de problemas.

Como dar feedback:

– Prepare-se para a conversa. Quando e onde você vai dar o feedback.

– Saiba qual atitude quer corrigir ou reforçar.

– Identifique o impacto da ação e quando a mesma aconteceu.

– Seja honesto, porém, impessoal. Faça perguntas e esteja aberto à possibilidade de que você não tem todos os detalhes.

– Dê o feedback o quanto antes (não deixe passar mais de duas semanas do ocorrido).

– Combine o que ambos vão fazer para que a ação não ocorra ou continue.

A importância de um processo de recrutamento eficiente

Quanto mais precisa a empresa for, menores serão as chances de errar ou perder tempo na seleção; agilidade e plataformas digitais são indispensáveis 

O mercado de trabalho passou por significativas mudanças nos últimos anos, e continua em constante transição. As jornadas de trabalho se tornaram mais flexíveis, hoje em dia há maior abertura para compartilhar ideias no ambiente empresarial e a liderança adotou nova postura. Além disso, as organizações passaram a contar com a tecnologia de forma mais intensa, e aí está a mudança que tem transformado de forma direta os recrutamentos, afinal, em um mundo mais digital, o que tem impactado as seleções é a agilidade e as plataformas digitais que se tornaram indispensáveis para a condução desses processos. 

A psicóloga Simone Martins, fundadora e consultora da Plug RH, observa que o esperado é que boa parte da jornada dos processos seletivos seja feita em um ambiente digital, “e isso é uma necessidade nas empresas”. Atualmente, existem várias plataformas digitais que dão agilidade ao processo seletivo, tanto para quem os realiza (pessoal de RH) quanto para os candidatos que fazem provas e testes comportamentais de forma virtual, por meio de vídeos gravados e entrevistas remotas. Hoje é comum, inclusive, candidatos participarem de entrevista com robô, primeiramente, e em outra etapa serem entrevistados presencialmente ou de forma on-line. “O mundo digital trouxe a possibilidade de agilizar os processos seletivos por meio dessas ferramentas; e os investimentos não são altos, cabem em qualquer bolso”, comenta. 

Os perfis comportamentais também ganharam um lugar de destaque nessa realidade mais ágil, pois as pessoas passaram a ser lideradas de maneira mais autônoma, mais independente. Somado a isso, os novos profissionais de hoje buscam oportunidades que estejam alinhadas com o propósito e com a crença da empresa. 

Para auxiliar as empresas nessa jornada de recrutamento, Simone destaca cinco pontos fundamentais para o sucesso na contratação.

1 – O primeiro passo é saber o porquê da contratação

A falta de clareza das empresas já na abertura das vagas é um dos maiores erros no processo seletivo. Antes de qualquer coisa, é necessário avaliar: Eu preciso mesmo desta posição? Eu necessito mesmo desta contratação? Se a reposta for “sim” (e muitas vezes não é), o primeiro passo é fazer a descrição detalhada do cargo, que deve contemplar: principais responsabilidades da função, desafios, missão, objetivos de curto e longo prazos, conhecimentos técnicos e comportamentais desejados. Também é necessário identificar a quem esta posição se reporta e quais serão os indicadores de desempenho desta função. Quanto mais precisa a empresa for nessa etapa, menores serão as chances de errar ou perder tempo com o processo de recrutamento.

2 – Enfatize nas softs skills

As softs skills são competências comportamentais de igual ou maior importância que as hard skills (competências técnicas) para o sucesso de um processo seletivo. Contudo, um erro recorrente nas organizações no momento do processo seletivo é a priorização das competências técnicas (formação, especializações etc.) em detrimento das comportamentais (liderança, resiliência, relacionamento interpessoal).

Historicamente e de maneira recorrente, pessoas saem da empresa pelos atributos comportamentais e não técnicos, ou seja, por falta de análise do perfil comportamental com aquela cultura organizacional. Sendo assim, no momento do processo seletivo é de fundamental importância encontrar as respostas que melhor respondam a esta questão: Quais são as competências comportamentais necessárias? Comunicação, liderança, relacionamento interpessoal, trabalhar sob pressão – são alguns exemplos. A empresa precisa deixar claro seus valores e propósito, tentando conectar aos valores e propósito do candidato. É uma forma de aumentar a assertividade nos processos seletivos.

3 – Traga agilidade ao processo seletivo

Atualmente existem diversas plataformas digitais que, por meio de inteligência artificial, facilitam todo o processo de seleção, desde a divulgação da vaga, testes on-line, até entrevistas iniciais feitas pessoalmente ou a distância. Geralmente, são investimentos de baixo valor financeiro que se aplicam a empresas de todos os segmentos e tamanhos. Portanto, trazer a tecnologia para este processo não só facilita toda a jornada, aumentando a produtividade do time de RH como também potencializa na marca da empresa uma imagem de disruptura e inovação. 

4 – A importância de uma boa entrevista

O momento da entrevista é uma das etapas mais importantes do processo seletivo, afinal, é nessa fase do processo que candidato e empresa ficam frente a frente para fazerem as devidas avaliações (tanto da empresa quanto do candidato) para a vaga que está sendo oferecida. É de fundamental importância que o responsável pela empresa deixe o ambiente agradável para que o candidato se sinta à vontade, pois é muito comum um excesso de expectativa por parte dele nesta interação. À organização cabe ainda criar uma entrevista estruturada, com perguntas estratégicas e relevantes. 

5 – A primeira impressão é a que fica

Fazer um processo seletivo bem estruturado só traz benefícios para a empresa. Além de ser uma forma de dar boas-vindas ao novo contratado, antes mesmo de sua chegada, é uma oportunidade de interagir com novos públicos que, dependendo desta experiência, poderão se tornar consumidores de sua marca, produto ou serviço. Sendo assim, é de suma relevância que todos os processos sejam feitos de forma adequada, estruturada, simples e ágil a fim de que esta experiência profissional seja a mais positiva possível.

Foco no comportamental

Simone Martins reforça que o maior erro das empresas é não apostar nas softs skills. Segundo observa, em boa parte das organizações, a avaliação técnica ainda é mais relevante que a avaliação comportamental. Dessa forma, as pessoas acabam sendo admitidas pela técnica e demitidas pelo comportamental por não se adaptarem à cultura, aos valores e às crenças da organização, por não estarem conectadas com o propósito da empresa. Nesse sentido, ela orienta as organizações a focarem nas softs skills logo no começo do processo. “Ouso dizer que no mundo ideal seria melhor a gente avaliar primeiro o comportamental e depois a técnica, mesmo porque a técnica é possível aprender”, completa.  

LGPD em vigor: o que é e como adaptar sua empresa à nova lei.

No dia 16 de agosto deste ano, entrou em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados, também conhecida como LGPD. Desde o início das discussões e, especialmente após entrar em vigor, observamos um movimento massivo de empresas em busca de se adequarem à nova lei. Isso se explica por diversos motivos, entre eles, multas previstas de até 50 milhões de reais.

Você deve estar se perguntando: “mas será que preciso mesmo me preocupar?”, “Eu nem sequer mexo com dados”. Sim, precisa. Você pode até pensar que dados são coisas de empresas de tecnologia ou de marketing. Porém, o simples fato de ter colaboradores na sua empresa, implica em ter dados. Pense bem: carteira de trabalho, CPF e por aí vai. Por isso, não adianta fugir. Se você coleta, armazena, acessa, transfere, utiliza, arquiva ou realiza qualquer outro processo com dados pessoais de quem quer que seja, precisa buscar se adequar.

A LGPD nasceu com o propósito de criar direitos aos titulares dos dados, definir obrigações, bem como limites às empresas em relação a eles e impor penalidades ao descumprimento das normas por ela definidas.

Até hoje, não foram poucos os casos de empresas fazendo mau uso de dados pessoais. Por isso, a lei é de interesse de todos e tem um grande papel no momento histórico que vivemos. Em linhas gerais, ela define que o tratamento de dados terá de se encaixar em, pelo menos, uma das bases legais e um dos princípios. Veja abaixo quais são eles:

BASES LEGAIS

  • Consentimento;
  • Cumprimento de obrigação legal;
  • Execução de políticas públicas;
  • Estudo por órgão de pesquisa;
  • Execução de contrato / Diligências pré-contratuais;
  • Exercício regular de direitos;
  • Proteção à vida;
  • Tutela da saúde;
  • Interesses legítimos do controlador / terceiro;
  • Proteção ao crédito.

PRINCÍPIOS

  • Finalidade;
  • Adequação;
  • Necessidade;
  • Livre acesso;
  • Qualidade dos dados;
  • Transparência;
  • Segurança;
  • Prevenção;
  • Não discriminação;
  • Responsabilização e prestação de contas.

Mas, como adequar minha empresa à essa lei?

Antes de mais nada, é muito importante que você busque saber mais sobre o tema, de preferência com especialistas. A DS Contadores tem uma equipe de profissionais que pode te ajudar no entendimento da LGPD e te auxiliar no que pode vir a afetar as questões trabalhistas.

Comece fazendo um mapeamento dos dados pessoais que sua empresa tem em mãos hoje (colaboradores, clientes, terceiros, etc.), buscando encaixá-los em, pelo menos, uma base legal e em um dos princípios que vimos acima. Faça o mesmo revisando os procedimentos operacionais padrão da empresa, políticas de privacidade e regulamentos internos, contratos, entre outros. Além disso, busque capacitar setores-chave da empresa sobre a lei e designe um responsável por atuar como canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a autoridade nacional.

Seguindo esses passos, você acaba se poupando de boas “dores de cabeça” futuras e também de multas e penalidades indesejadas. Caso tenha ficado com alguma dúvida, fale com a equipe da DS Contadores e conte com todo o apoio de um time sempre atualizado para ajudar seus clientes na melhor tomada de decisão.

Humanização nas empresas: agora o papo é sério.

Em tempos de crise, vários temas relacionados à gestão de pessoas têm ganhado evidência. Empatia, resiliência, pensamento colaborativo, propósito e valores têm sido assuntos recorrentes no “festival de lives” que estamos sendo submetidos nesta quarentena.

Um outro tema, nada atual inclusive, se refere a humanizar as relações no ambiente corporativo. Digo que o tema não é atual, pois Daniel Goleman em 1995, na sua obra “Inteligência Emocional”, mostra como a incapacidade de lidar com as próprias emoções pode minar a experiência escolar, acabar com carreiras promissoras e destruir vidas. Mais recentemente, em 2015, Lazlo Bock em sua obra “Um novo jeito de trabalhar”, revelando detalhes sobre os bastidores do Google, descreve várias ações voltadas à humanização das relações de trabalho em prol de resultados eficientes.

Enfim, se já se trata de um assunto tão recorrente e no primeiro momento até óbvio, por que ainda estamos falando disso? Tenho algumas percepções para dividir com vocês.

Primeiramente, muitos gestores ainda encaram negócios e pessoas de forma dissociada. Parece maluco, mas, muitas vezes, vejo “pauta de gente” distinta da “pauta de negócios”, como se números, produtividade, entrega de resultados fossem executadas por uma “entidade” que não as pessoas.

Segundo, acompanhando a evolução da história das empresas, vejo alguns profissionais agindo como se ainda estivessem na década de 70, onde vida pessoal não deva interferir na vida profissional (quanta balela) e humanizar as relações no trabalho é pouco importante, já que “estamos aqui para trabalhar e não para fazer amigos” (pensamento bem arcaico, por sinal).

Terceiro, assuntos como saúde mental, bem estar e qualidade de vida muitas vezes ainda são vistos no mundo corporativo como pauta secundária (quando existe), não cabendo aos gestores priorizar tais preocupações. Ainda vejo vários executivos acreditarem que manter um clima favorável, agradável e saudável é um “assunto lá do pessoal do RH”.

Segundo o Dicionário Aurélio, humanização se refere ao ato de humanizar, suavizar, inspirar a humanidade, sendo, portanto, uma prática natural e própria do gênero humano, desde o surgimento da vida na face da Terra. Transpondo tal definição para o mundo corporativo, vejo algo bem simples de ser feito.

Humanizar os relacionamentos “lá na firma” pode ser considerado como um conjunto de ações e comportamentos que já sabemos fazer. Você não precisa de grandes investimentos (talvez nenhum) e nem precisa transformar sua empresa no Google. Veja algumas dicas bem práticas:

· Conheça e respeite sua equipe;

· Confie nas pessoas;

· Reconheça seu time;

· Celebre as pequenas e grandes conquistas;

· Intensifique o feedback sincero;

· Seja verdadeiro e transparente;

· Compartilhe conhecimento e informações.

Viu como não é nenhum bicho de sete cabeças? Viu que não há nada de romântico ou filosófico nestas ações? Viu o quão básico é este tipo de tratamento? Viu como pode ser viável?

Encerro este artigo recorrendo à psicologia, mais especificamente a Carl Gustav Jung que traz uma citação em uma de suas obras que me parece bastante pertinente “conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.

Simples assim! Vamos de fato começar?

Texto colaboração de Simone Martins, psicóloga e consultora especializada em gestão de pessoas, processos e mudanças (www.plugrh.com.br).